Por Thiago Ermano Jorge *
A recente atribuição do Prêmio Nobel de Economia a Philippe Aghion reacende uma discussão fundamental para o Brasil: como transformar ciência, tecnologia e inovação em motores de crescimento? Aghion defende que é preciso premiar o risco, não a inércia. Ou seja, favorecer aqueles que ousam explorar o novo, ainda que com incertezas, em vez de reforçar o conforto da estabilidade.
No entanto, o avanço científico e tecnológico depende justamente da experimentação. Muitos caminhos falham antes do acerto, mas sem essas tentativas não há salto. O modelo econômico que Aghion propõe reforça que o crescimento sustentável decorre da capacidade de destruição criativa: substituir tecnologias ultrapassadas por soluções mais eficientes e inovadoras.
No universo da Cannabis e do Cânhamo, essa lógica é ainda mais urgente. Estamos diante de oportunidades genuínas de gerar materiais sustentáveis, cosméticos inovadores, compostos medicinais e soluções agropecuárias de precisão. Mas esses campos frequentemente esbarram em barreiras regulatórias, insegurança jurídica e falta de fomento que aceite o risco.
Precisamos de um ecossistema em que quem investe em P&D, quem propõe ideias radicais, encontre respaldo institucional, não punitivo, e suporte para crescer. É aqui que o CTICANN pode atuar com protagonismo: liderar chamadas de apoio a projetos de risco elevado, articular fundos e parcerias público-privadas, promover redes de mentoria especializada e incentivar uma cultura que não demonize o fracasso, mas aprenda com ele.
Precisamos também de interlocução eficiente com agências reguladoras para reduzir arrasto burocrático e tornar os caminhos mais previsíveis para o inovador, como temos feito, desde 2017, apoiando associações empresariais e sociais. Se o Brasil quiser se posicionar como protagonista da bioeconomia global, não basta acompanhar: é preciso ousar.
A resposta para a mensagem de Aghion está na prática. Que possamos construir um ambiente onde empreendedores científicos se sintam encorajados a testar, errar, aprender e evoluir, tendo apoio real, não com punição velada. Nesse cenário, a economia verde, os bioprodutos do Cânhamo e as tecnologias emergentes deixarão de ser promessas para se tornar realizações concretas.
Sobre o CTICANN: É um centro de pesquisa e inovação que promove ciência, tecnologia e desenvolvimento tecnológico com foco em Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial, integrando instituições acadêmicas, setor produtivo e órgãos governamentais. O CTICANN mantém presença em unidades, em diversas regiões do país e das Américas, disponibiliza sua estrutura de P&D, inteligência regulatória, laboratórios e parcerias com centros de excelência mundiais para apoiar o produtor rural em todas as etapas: da escolha da semente ao escoamento da produção.
* Thiago Ermano Jorge é Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis e Cânhamo (ABICANN) e Diretor e Pesquisador Interdisciplinar do Centro de Tecnologia e Inovação da Cannabis (CTICANN), com vínculo ao Instituto Brasileiro de Ciências Psicoativas (IBCPA). Atua na integração entre ciência, tecnologia e bioeconomia, com foco em Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial.
Acesse nossos estudos, para mais detalhes:
Relatório Técnico – Cânhamo Industrial (CTICANN):
https://cticann.org/cticann-apresenta-relatorio-inedito-sobre-pesquisa-e-inovacao-com-canhamo/
Análise Sistemática Global – Cannabis (CTICANN):
https://cticann.org/cticann-lanca-analise-global-inedita-sobre-a-producao-cientifica-da-cannabis
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