Por Thiago Ermano Jorge *
A Cannabis conecta passado, presente e futuro, sendo a ponte entre ancestralidade, ciência e sustentabilidade
Desde os primórdios da civilização, a humanidade buscou materiais que permitissem sobreviver, expandir territórios e registrar sua história. Se a pedra lascada foi a base para o desenvolvimento das primeiras ferramentas, o Cânhamo (Cannabis sativa L.) pode ser considerado um dos pilares que possibilitaram as primeiras navegações e, com elas, a integração entre povos distantes pelo globo terrestre.
As cordas, velas, sacas e tecidos feitos das fibras do Cânhamo impulsionaram as embarcações que cruzaram mares desconhecidos, viabilizando trocas culturais, econômicas e científicas. Entretanto, essa mesma dinâmica trouxe também as tragédias da colonização, marcada pela exploração e violência contra os povos originários escravizados e que, ironicamente, já conheciam e utilizavam a planta em práticas medicinais, espirituais e agrícolas.
Assim, a Cannabis sativa não foi apenas um recurso técnico dos nossos ancestrais, mas uma testemunha silenciosa e coautora da história humana. Acompanhou a escrita nos papiros, a expansão dos impérios, o nascimento das grandes cidades e até mesmo o avanço da ciência moderna. Em cada etapa, lá estava a planta, entrelaçada ao destino coletivo: dos cordames que sustentaram descobrimentos, aos óleos medicinais descritos em farmacopeias antigas.
No cenário conteporâneo, no limiar da «Era da Inteligência Artificial», essa mesma planta ressurge como um símbolo de bioeconomia, saúde e inovação tecnológica global. O Cânhamo volta a ser protagonista, agora aliado à sustentabilidade, à biotecnologia e às novas formas de inteligência coletiva. Atualmente, 110 países já aplicam regras e legislações para a Cannabis sativa L..
A jornada desse antigo cultivar mostra que ele nunca foi apenas um recurso natural, mas sempre esteve ao lado da humanidade, ajudando a moldar nossos caminhos. Mais do que testemunha, talvez o Cânhamo se revele como parceiro estratégico na construção de um novo mundo sustentável, onde o equilíbrio entre natureza, ciência e sociedade se torne a base de uma nova era civilizatória.
Curva evolutiva da humanidade
A aceleração dos ciclos aumenta a intensidade do impacto humano sobre o planeta e exige soluções rápidas e regenerativas.
A humanidade evoluiu de forma exponencial nos últimos 200 mil anos. E os ciclos tecnológicos encurtam e se intensificam, exigindo adaptação rápida de sociedades, economias e ecossistemas. Entre as espécies que acompanharam essa trajetória, a Cannabis sativa se destaca por sua presença contínua e multifuncional: fibras, alimentos, medicamentos e agora biotecnologia de ponta.
2. Ciclos tecnológicos e impacto no planeta
Os ciclos tecnológicos podem ser resumidos da seguinte forma:
Ciclo | Duração aproximada | Impactos humanos | Impactos ambientais |
---|---|---|---|
Pedra Lascada | 200-100 milhões de anos | Sobrevivência, sociedades nômades | Baixo impacto ambiental |
Agricultura | ~10.000 anos | Sedentarismo, cidades, desigualdade | Desmatamento inicial, domesticação de espécies |
Idade dos Metais | ~3.000 anos | Expansão de impérios, comércio | Exploração de minérios, poluição local |
1ª Revolução Industrial | ~90 anos | Urbanização, migração | Poluição intensa, carvão |
2ª Revolução Industrial | ~60 anos | Transporte, eletrificação | Petróleo, poluição global |
Era Digital | ~50 anos | Globalização, automação | Consumo energético e eletrônico |
IA & Bioeconomia | 10–15 anos | Transformações rápidas, medicina, indústria | Risco de adaptação lenta, pressão sobre recursos |
Futuro próximo | <10 anos | Mudanças exponenciais | Necessidade de governança ágil |
Chamado estratégico
O Cânhamo Industrial é um excelente agregador e não compete com o agro brasileiro, ele amplia, regenera e diversifica. O produtor (pequeno, médio ou grande) que plantar conhecimento hoje colherá tecnologia, margem e mercados amanhã.
A indústria que se aproximar agora do setor liderará exportações de alto valor agregado. E o Brasil, que deve investir em genética e processamento próprios, deixará de ser dependente para tornar-se referência. É o que propomos pelo CTICANN.
Acesse os estudos para mais detalhes:
Relatório Técnico – Cânhamo Industrial (CTICANN):
https://cticann.org/cticann-apresenta-relatorio-inedito-sobre-pesquisa-e-inovacao-com-canhamo/
Análise Sistemática Global – Cannabis (CTICANN):
https://cticann.org/cticann-lanca-analise-global-inedita-sobre-a-producao-cientifica-da-cannabis
* Thiago Ermano Jorge é Pesquisador Interdisciplinar, diretor-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis e Cânhamo (ABICANN) e diretor do Centro de Tecnologia e Inovação da Cannabis (CTICANN). Atua na integração entre políticas públicas, ciências, tecnologias e bioeconomia, com foco em Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial.
Leave A Comment